
DÚVIDAS SOBRE A EUCARISTIA? (Jo, 6)




Resumindo as palavras do Padre Paulo Ricardo:
No sacrifício da Missa, pão e vinho são transubstanciados e se tornam o Corpo e o Sangue reais de Jesus Cristo, a fim de serem consumidos pelos fiéis.
A multidão pede a Jesus um sinal para crer nele, e Cristo responde fazendo um paralelo com o maná que os judeus receberam no deserto, afirmando que Deus dará um pão ainda melhor do que o dado por Moisés. Ele dará o pão do céu, o qual dará vida ao mundo — será este o sinal: “Jesus respondeu-lhes: ‘Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu; porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo’” (v. 32-33).
“Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome; e aquele que crê em mim jamais terá sede’” (v. 35).
A Eucaristia é a fonte e o ápice de nossa fé. Cristo se compara diretamente ao pão; o pão que dá a vida.
“Murmuravam então dele os judeus, porque dissera: ‘Eu sou o pão que desceu do céu’. E perguntavam: ‘Porventura não é ele Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?’” (v. 41-42).
A partir do versículo 51 Cristo reafirma o que Ele acabou de dizer: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.”
Desta vez, Jesus é muito mais explícito: Ele diz a eles diretamente que sua carne é o pão do céu, o novo maná que dá vida ao mundo. Ainda acha que se trata apenas de uma analogia? A multidão certamente não pensava assim: “A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: ‘Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?’” (v. 52).
Se era apenas uma analogia, por que a multidão achou difícil entender? Por que existe esse salto de “Dê-nos o pão!” para “O quê? Comer a sua carne?”? E por que Ele repetiria três vezes que Ele é o pão? A resposta a essas perguntas está nas palavras que Cristo usou e em como Ele foi direto.
De fato, há lugares em que Cristo usa hipérboles nos Evangelhos. Pense em Mt 5, 29, quando Ele diz ao povo que seria melhor arrancar o próprio olho do que permitir que ele nos faça pecar. Ninguém interpretou mal suas palavras, como se significassem que era necessário se mutilar. Ninguém saiu dizendo: “Este ensinamento é muito difícil; não posso seguir um homem que me pede isso”. Em Jo 6, porém, a linguagem usada e a reação da multidão mostram claramente que Cristo estava sendo literal, não hiperbólico ou metafórico.
Ao longo de todo esse capítulo, o verbo “comer” é usado 12 vezes para descrever o ato de comer maná no deserto, comer o pão da vida e comer a carne de Cristo. No texto grego original do Evangelho, até o versículo 54, o verbo era o mesmo: φάγω (phago), que significa “comer”: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. Mas, no versículo 55, quando a multidão já está confusa e murmurando, Cristo muda o verbo usado para τρώγω (trógó), que significa “roer, mascar ou triturar” — e que também é traduzido como “mastigar”.
Pense na sequência de eventos. Cristo diz à multidão, no versículo 51, que eles precisam “comer” sua carne. A multidão questiona isso diretamente no versículo 52 e, então, o que Jesus faz para responder à sua pergunta no versículo 54? Ele não diz: “Não, foi apenas uma analogia, você não vai realmente consumir minha carne”. Em vez disso, Ele desce o nível, muda o verbo e diz que, sim, você realmente precisa “roer” ou “mastigar” a carne dele. Aqui, Jesus vai além para garantir que sua mensagem não se perca na assembleia.
Em Jo 6, a linguagem usada e a reação da multidão mostram claramente que Cristo estava sendo literal, não hiperbólico ou metafórico.
Cristo diz que sua “carne” deve ser “mastigada”, e a multidão acha isso difícil de aceitar: “Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: ‘Isto é muito duro! Quem o pode admitir?’” (v. 60).
E aqui eles realmente deixam de seguir a Cristo: “Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele” (v. 66).
Ao ler Jo 6, portanto, fica claro que a multidão, que ouviu pessoalmente o discurso do pão da vida, entendeu o que Cristo estava dizendo: Ele havia dito que é preciso consumir sua verdadeira carne. Por qual outro motivo eles teriam ido embora?
E, se eles entenderam mal, por que Jesus não tentou esclarecê-los e impedi-los de ir embora por causa de um mal-entendido? Eles sabiam exatamente o que Ele queria dizer, assim como todos os primeiros cristãos que escreveram sobre esse assunto.
Os primeiros cristãos acreditavam no ensinamento de Cristo sobre consumir a sua carne. Além dos Apóstolos, que eram os que sabiam melhor o que Jesus queria dizer em Jo 6, e eles teriam agido rápido para corrigir quaisquer mal-entendidos ou heresias decorrentes de uma interpretação errada.
As pessoas, nos dias de Jesus, afastaram-se por acharem o seu ensinamento difícil — o que não teria acontecido se ele tivesse empregado apenas uma linguagem simbólica.
Se você ler o capítulo 6 de João, usar uma ferramenta tão básica como o Google Tradutor e estudar qualquer escrito dos primeiros cristãos sobre o assunto, perceberá que a presença real de Cristo na Eucaristia é inegável e vem diretamente das Escrituras.