
SÃO JOÃO MARIA VIANEY – O CURA D’ARS

Um dos melhores livros que li foi certamente “O Santo Cura D’Ars”, de Francis Trochu. Tocou-me tanto que desde esta leitura São João Maria Vianney é o meu santo favorito.
Li e reli esta história com lágrimas nos olhos e um sentimento de gratidão por elevar meus pensamentos com este santo. Simples, profundo, cativantepelo seu amor e entrega total a Deus.
Recomendo muito a leitura:
https://alexandriacatolica.blogspot.com/2011/01/1786-1818-sao-joao-maria-batista.html
“Olhando para trás, Vianney parece ser um dos muitos grandes sacerdotes e religiosos educados logo após a Revolução Francesa e o Período do Terror. Ele testemunhou a execução de sacerdotes e o fechamento de igrejas sob ordens das autoridades civis. Para ele, no entanto, a necessidade de sacerdotes tornou-se mais palpável, não menos. E ele não estava só: entre os que foram ordenados ao diaconato com ele em Lyon estavam Marcelino Champagnat (canonizado por João Paulo II em 1999) e Jean-Claude Colin — fundador dos Maristas.
Embora os santos sejam a resposta para as crises, eles não ambicionam ser “respostas para crises” — e provavelmente sequer se tornariam santos se o fizessem. O que eles desejam é amar a Deus apaixonadamente, apesar das crises. O biógrafo de São João Vianney, Joseph Vianney, interpreta sob esse prisma os famosos esforços dele com o latim e a filosofia.
O que os santos desejam é amar a Deus apaixonadamente, apesar das crises.
De uma perspectiva humana, diz Joseph, alguém poderia ter pensado que a crise na França teria sido enfrentada com mais eficácia por uma apologética brilhante na Sorbonne, ou por uma oratória atraente na catedral de Notre-Dame. Mas a Igreja precisava ainda mais de pastores do campo “para demonstrar com a santidade de suas vidas a verdade do Evangelho, no qual as pessoas já não acreditavam mais. A criança de Dardilly fora escolhida dentre todas as outras para ser o modelo daqueles sacerdotes santos, que são indispensáveis para a execução do plano divino”.
Posteriormente, um clérigo levou ao confessionário em Ars um complexo caso de consciência para pedir aconselhamento ao Cura. Ele viu, então, um problema, que havia deixado perplexos os maiores especialistas em teologia moral, ser resolvido de pronto pelo simples pastor, com elegância e persuasão. Questionado por seu irmão no sacerdócio sobre onde havia adquirido um conhecimento teológico tão perspicaz, o santo respondeu apontando para seu genuflexório.
O Cura estava profundamente convencido de suas indignidades, não recebia consolações por causa de sua virtude e orava com fervor para jamais ser alvo de atenção. Por exemplo, através de suas orações, milhares de peregrinos que se dirigiam a Ars eram curados de doenças físicas. Mas, aparentemente, em resposta às orações dele, as pessoas raramente eram curadas no local. Em vez disso, ele lhes dizia para retornarem a casa e fazerem a novena de Santa Filomena — e, no nono dia, elas ficavam curadas, sem alarde e estando bem longe de Ars.
O Cura estava profundamente convencido de suas indignidades e orava com fervor para jamais ser alvo de atenção.
É bastante conhecido o fato de que ele passava de 16 a 17 horas por dia no confessionário. Esse número já é, por si mesmo, impressionante o suficiente. Mas é preciso lembrar, também, de que não havia sistema de aquecimento em sua igreja. Ele costumava gracejar que, no fim do dia, durante o inverno, ele primeiro via os seus pés para só depois os sentir. Dizia ele que costumava apalpar os pés para ter certeza de que ainda estavam lá.
No calor intenso do verão, os peregrinos que esperavam na fila podiam sair da igreja por um momento a fim de tomar um pouco de ar fresco e não desmaiar. Ele, porém, ficava o tempo inteiro atrás de uma cortina, numa caixa, sentindo o hálito dos penitentes e muitas vezes o seu odor, já que a maioria deles era pobre.
E então ele se punha a escutar pecados por 16 ou 17 horas. Era essa a grande causa de seu sofrimento. “Sou tomado pela melancolia nesta terra miserável”, disse ele certa vez a um companheiro no sacerdócio, “minha alma se entristece até à morte. Meus ouvidos não escutam senão coisas dolorosas que me tomam o coração de tristeza”. Seu biógrafo compara a situação a São Pedro sendo obrigado a testemunhar a Paixão 17 horas por dia.
Somente a graça e o amor podem explicar a energia que ele tinha ao longo do dia.
Ele dormia em tábuas por apenas algumas horas na noite e tinha de suportar uma dor crônica. Somente a graça e o amor podem explicar a energia que ele tinha ao longo do dia. Não era possível que uma pessoa sobrevivesse por meios naturais ingerindo uma quantidade tão pequena de comida. Numa etapa posterior de sua vida, por obediência ele passou a comer um pouco de pão e tomar um pouco de leite após a Missa. Seu biógrafo narra este incidente emblemático: “Irmão Jerônimo, que muitas vezes estava presente nessa ligeira refeição, logo percebeu que ele sempre comia primeiro o pão e depois tomava o leite. ‘Mas, senhor cura’, observou um dia quando notou a dificuldade com que o pão era engolido, ‘seria muito melhor se molhasse o pão no leite’. ‘Sim, eu sei’, foi a sua resposta gentil.”
E era muito mais difícil para um pároco do que para um religioso, ele dizia: “Um sacerdote precisa de reflexão, oração e união íntima com Deus. O cura, no entanto, vive no mundo; ele conversa, envolve-se com política, lê os jornais, fica com a cabeça cheia deles; depois, lê o breviário e celebra a Missa, e infelizmente faz isso como se fosse uma coisa comum!”
E “estas crises mundiais são crises de santos”.
O Santo Cura D’Ars, São João Maria Vianney, é o Patrono dos Padres.
O dia do Padre é celebrado anualmente no dia 04 de agosto, data da festa de São João Maria Vianney. Essa data é comemorada desde 1929, quando o Papa Pio XI proclamou João Maria Batista Vianney como Padroeiro dos Párocos e dos Sacerdotes: “homem extraordinário e todo apostólico, padroeiro celeste de todos os párocos de Roma e do mundo católico”.
Quem foi João Maria Vianney?
Nascido no dia 8 de maio de 1786, na França e de origem muito simples, começou a trabalhar no campo desde a infância para ajudar sua família. Somente na adolescência, aos 17 anos, quando foi aberto uma escola na aldeia em que residia, pôde ser alfabetizado e aprender o idioma francês, já que apenas falava o dialeto local. Mesmo assim, estudou apenas por dois anos, pois tinha que continuar trabalhando.
Gostava de frequentar a igreja e por isso, logo manifestou seu desejo de se tornar padre. Apesar da oposição de seu pai e da perseguição religiosa que ocorria durante a Revolução Francesa, com a ajuda de um padre que atendia a sua aldeia, João Maria Vianney conseguiu ingressar no seminário de Écully.
Devido a sua falta de instrução, enfrentou obstáculos, pois os professores o consideravam um camponês sem inteligência o suficiente para concluir os estudos. Apesar da dificuldade de aprendizado, Vianney era considerado um verdadeiro exemplo de caridade, obediência, fé e perseverança, e com isso, em 1815, foi ordenado sacerdote. Recebeu, porém, a objeção de que não poderia ser um confessor, já que era considerado incapaz de orientar os fiéis.
Três anos depois, após a convivência diária com o Padre Malley, este percebeu o carisma e santidade de Vianney, liberando-o para que pudesse exercer seu apostolado plenamente, inclusive recebendo o sacramento da confissão.
A missão em Ars-sur-Formans
Após a liberação, foi designado vigário geral de um vilarejo chamado Ars-sur-Formans. Todos os padres se esquivam desta paróquia por diversos motivos: Possuía apenas 230 habitantes e nenhum deles frequentavam a Igreja. Além disso, as tabernas viviam lotadas e o vilarejo era famoso pelo seu alto índice de violência.
Em pouco tempo, começou a atrair as pessoas para a Igreja, e assim, treze anos depois, a situação de Ars-sur-Formans se inverteu: as tabernas estavam vazias, a violência acabara e os habitantes lotavam a Igreja para se confessarem com aquele homem que consideravam um santo.
Exemplo de caridade e dedicação ao povo
Seu amor pelo povo era tão grande, que passava horas atendendo os corações aflitos dos fiéis, muitas vezes sem comer e até sem dormir, e assim, passou a ser chamado de “Cura D’Ars” (padre de Ars) e tornou-se um dos principais confessores da Igreja Católica.
Além disso, Pe. João Maria Vianney dedicava-se aos trabalhos pastorais, como restauração de igrejas, e também a socorrer os pobres, inclusive, gastando com eles toda a sua herança por parte de pai.
Consumido pelo cansaço, Cura D’Ars faleceu aos 73 anos, no dia 04 de agosto de 1859. Venerado e considerado um exemplo de santidade e dedicação, principalmente para os sacerdotes, em 1925, o santo foi canonizado pelo Papa Pio IX, e em 1929, como mencionamos, foi proclamado pelo Papa Pio XI o “Padroeiro dos padres e dos sacerdotes”, sendo a data da sua morte conhecida como o Dia de São João Maria Vianney e o Dia do Padre.
https://www.cashme.com.br/blog/dia-do-padre/
https://padrepauloricardo.org/blog/uma-reflexao-sobre-sao-joao-maria-vianney